quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Museu Orgânico De Maria De Tiê Reconhece Importância Cultural Do Quilombo Dos Souza


Sinônimo de resistência, as comunidades quilombolas possuem identidade cultural própria e se formaram por meio de um processo histórico que começou nos tempos da escravidão no Brasil. O Quilombo dos Souza, localizado no Sítio Vassourinha, em Porteiras, no Cariri, representa muito mais que resistência. Trata-se da presença e da insistência por existir num sistema de apagamento de culturas e memórias do povo negro na região. E será lá que o Sistema Fecomércio Ceará, através do Sesc, vai inaugurar o Museu Orgânico Terreiro Cultural da Mestre Maria de Tiê, no dia 25 de agosto, a partir das 17h, integrando a programação da Mostra Sesc Cariri de Culturas.

Será o 14º museu orgânico de uma rede de fomento à tradição. O de Maria de Tiê é um reconhecimento ao valor excepcional de integridade, autenticidade e universalidade cultural que o Quilombo dos Souza representa, explica o gerente de cultura do Sesc Ceará, Alemberg Quindins. Maria de Tiê, reconhecida como Mestra na tradição da dança de coco e maneiro pau, em 2019, mantém viva essa cultura, e, segundo Alemberg, o Museu Orgânico vai evidenciar a vivência da ancestralidade cultural de um povo através da arte dessas danças.

De acordo com a historiadora Regivania Rodrigues, acredita-se que a dança de coco tenha surgido por volta do século XVI, nas regiões agrestes, nas proximidades dos engenhos de cana-de-açúcar, surgida a partir das danças de umbigadas dos batuques africanos, que depois uniu-se aos versos e rimas sobre os afazeres cotidianos, produzidos pelos quebradores de coco nos trabalhos dos coqueirais. “É consenso entre estudiosos que a dança foi se transformando ao longo do tempo, a partir da interação entre as culturas africana e indígena”, explica.

Alemberg ressalta que o Sesc está em um processo de reconhecimento da Chapada do Araripe como patrimônio dá Humanidade, e espaços como o do Museu Orgânico Terreiro Cultural da Mestre Maria de Tiê são um exemplo de gestão participativa desse território cultural da bacia geológica do Araripe. “Então, reconhecê-lo é nos reconhecer como valores universais culturais da humanidade”, avalia.

Foto: AUGUSTO PESSOA

@mostrasesccarirideculturas

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